Livro: Doce perdão
Autor (a): Lori Nelson Spielman
Páginas: 320
Editora: Verus
Classificação: ♥♥♥♥♥
Sinopse: Hannah Farr é uma personalidade de New Orleans. Apresentadora de TV, seu programa diário é adorado por milhares de fãs, e há dois anos ela namora o prefeito da cidade, Michael Payne. Mas sua vida, que parece tão certa, está prestes a ser abalada por duas pequenas pedras... As Pedras do Perdão viraram mania no país inteiros. O conceito é simples: envie duas pedras para alguém que você ofendeu ou maltratou. Se a pessoa lhe devolver uma delas, significa que você foi perdoado. Inofensivas no início, as Pedras do Perdão vão forçar Hannah a mergulhar de volta ao passado – o mesmo que ela cuidadosamente enterrou -, e todas as certezas de sua vida virão abaixo. Agora ela vai precisar ser forte para consertar os erros que cometeu, ou arriscar perder qualquer vislumbre de uma vida autêntica para sempre.
Não vou negar para vocês que este livro tem muito de autoajuda, apesar de ser um romance, a trama gira em torno de uma rede de encontros que são provocados por um livro de autoajuda! Então, tem sim muito de autoajuda! Se você anda com o coração cheio de mágoa, rancor e/ou arrependimento, e está querendo se livrar do peso, aqui temos dicas ótimas!
Mas o romance é muito mais que só autoajuda! Tem uma historinha de amor que é muito fofa, mas que também não é o mais importante, ou ao menos eu não achei o mais importante. O que eu achei mais legal no livro é que ele chama atenção para dois temas: abuso infantil e alienação parental! Como as vezes quem mais nos ama, é responsável por acabar com a inocência, a segurança e a autoestima da gente enquanto tenta nos proteger.
O livro me tocou muito, meus pais tiveram uma separação difícil e durante algum tempo, enquanto minha mãe tinha esperanças de reatar o casamento, ela agiu muito próximo ao pai da Hannah, numa tentativa inútil de me usar para aproximar os dois. E depois também não foi muito diferente, quando ela perdeu as esperanças, quis me afastar do meu pai. E assim como no livro, fiquei anos sem falar com meu pai, só que um pouco menos do que a Hannah sem falar com a mãe. Assim como a Hannah, eu tive um longo caminho da adolescência até a idade adulta, para poder amadurecer, reconhecer os erros que todos cometemos e perdoar. Não preciso nem falar que chorei muito enquanto lia, tive de parar várias vezes, não foi fácil! Talvez se minha experiência fosse outra, eu não tvesse me emocionado tanto,por outro lado sei que tem mais gente por aí que passou ou passa pelo mesmo e a autora nos fala com muito cuidado e carinho.
Outro ponto tocante do livro, é o ciúme dos filhos com os pais, a sensação de posse, a rejeição aos novos relacionamentos e toda a insegurança e medo envolvidos nisso. Realmente não é fácil! Dessa parte me acho inocente, mas vi e vejo acontecer muito. E a Lori nos traz algumas questões para pensar. Filhos costumam ser juízes muito austeros, e com certeza não poupam ninguém em suas sentenças. Acho que isso também vai chamar bastante atenção dos leitores que já passaram por mais de um casamento e que tem filhos ou enteados.
Assim como na Lista de Brett, Lori nos faz refletir sobre comodismo. Ela bate na mesma tecla: levar uma vida que na teoria é bem-sucedida e se sentir feliz de verdade são coisas diferentes. Mais uma vez ela nos fala de ficar parada num relacionamento confortável, mas que não nos satisfaz, do medo de ir atrás da paixão, do amor maior. Não sei, conheço algumas mulheres e homens que trocaram casamentos estáveis para ir atrás dessa paixão, e quase nenhum deles se deu bem no final. Descobriram que correram atrás do desejo, do impulso sexual e não do amor e acabaram quebrando a cara e sofrendo muito, sentido a falta do/a ex. É uma velha pergunta essa, né? Existe esse amor dos livros? Ou será esse um pensamento infantil? O curioso é que com meu pai deu certo! Comigo de certa forma também, apesar que eu já estava separada do meu primeiro marido quando conheci o segundo. Mas não conheço realmente alguém que tenha uma relação como essas de livro, ao menos não quando se conhece a fundo. Então, não vá achar que eu ou a Lori, estamos dizendo para aventurar-se em qualquer ilusão. O livro trata de se conhecer!
Para não deixar passar em branco para quem leu A Lista de Brett, prestem atenção num trecho em que Hannah passeia pelo parque, Lori faz uma menção a Brett “um homem com casaco da Burberry e uma ruiva com uma criança”. É! Parece que nossa Brett está feliz com a família que construiu!
Então é isso pessoal, um livro para ler e pensar, com certeza o público não é o jovem, nem aquele casal ainda em lua de mel, tem de ter uma certa carga de vida para entender e gostar, acho que por isso, eu amei! Então este eu indico para você que encarou muitas pedras no caminho, e recomendo que os jovens sonhadores fiquem longe!
Beijo e até semana que vem!