Perdoem o post enorme desta semana, mas se vocês tiverem disposição, prometo trazer a vocês informações que vão mexer com a sua cabeça! Eu, outro dia, me vi no meio de uma discussão virtual sobre vampiros, um comentário muito indelicado, de um sujeito nada cavalheiro que falava algo assim como: lisho para gay! Em resposta a pergunta se valia a pena assistir The Vampire Diaries (TVD)!
Não sei dizer se o que me incomodou é porque eu gosto de TVD, se foi o lisho com sh, se foi o sexismo ou a simples grosseria. Ele não foi o único, muita gente odeia séries de vampiros, mas principalmente os homens. O motivo acho que está na ponta da língua de toda mulher: dor de cotovelo! Homens odeiam um personagem que compete com eles em tanta desigualdade de força! Mas será que é isso? Por que isso gente?
Existem histórias de vampiros, ou seres semelhantes a vampiros em diversas culturas desde a antiguidade (isso é quase uma prova que eles existem de fato, né? kkk), na verdade, há desenhos da época das cavernas que falariam de criaturas sugadoras de sangue. O assunto sempre foi discutido e em pleno século das Luzes, Voltaire (filósofo iluminista francês, 1694-1778), no seu Dicionário Filosófico, definiu os vampiros como sendo “os mortos que, durante a noite, saem dos cemitérios para sugar o sangue dos vivos, seja através da garganta ou do ventre. As vítimas empalideciam, definhavam, enquanto os sugadores engordavam e ficavam mais corados”. E ele não era o único grande filósofo a acreditar em vampiros Diderot e até Jean Jacques Rousseau acreditavam. Rousseau chegou a dizer: “Se houve alguma vez no mundo um fato garantido e provado, é o dos vampiros. Não falta nada: informes oficiais, testemunhos de pessoas de alta categoria, de médicos, de religiosos e de juízes; as provas judiciais são avassaladoras”. Você sabia disso? Interessante, né? Uma época onde se discutir vampirismo era coisa de grandes pensadores, cientistas e não parecia ameaçar a autoestima de ninguém! Mas ainda não eram os nossos vampiros!
No final do séc XVIII e início do XIX, o romantismo cedia espaço ao realismo, e no meio dessa transição a literatura gótica se popularizou! Numa noite chuvosa, segundo a lenda, os escritores Mary Godwin Shelley, George Gordon Byron, John Polidori e Mathew Gregory Lewis, liam histórias de fantasmas quando resolveram tentar eles mesmos escrever histórias góticas, dizem que apostaram quem escreveria a melhor história e correram para escrevê-las! Não imaginavam q assim mudaram o mundo da literatura para sempre. Naquela noite nasceria uma versão nova do vampiro, John Polidori escreveria para tal aposta o livro: O Vampiro, pela primeira vez um personagem sofisticado e carismático, nada parecido com seres que se arrastavam das tumbas e naquela noite também Mary Shelley começaria a escrever Frankenstein (parece que ela ganhou a aposta). Eu fico arrepiada de pensar, e duvido que exista algum escritor por mais que odeie vampiros que não daria qualquer coisa para estar nesta reunião!
Vocês devem estar pensando, mas e o Drácula? (se não estavam, deveriam). Claro que essa noção de vampiro dos filmes de hoje também ainda não era o de Polidori! O próximo grande passo da transformação do mito só se firmou mais tarde quando em 1897, Bram Stoker escreveu Drácula. Drácula foi inspirado em obras anteriores, mitologias da região dos Balcãs, muito em Carmilla de Sheridan (ficção gótica do escritor irlandês Joseph Sheridan Le Fanu), mas ele é importante pelo seguinte: Drácula é um monstro com sentimentos!
O Conde é sofisticado e elegante como o de Polidori, esconde uma criatura feroz, fria e assassina, como em todas as obras sobre vampiros até então. No entanto é um solitário em busca de companhia para a eternidade, pronto! Está aí a dicotomia, ele é a fera escondida por detrás da beleza, mas ele é também um ser poderoso que pode viver para sempre, mas arrisca tudo porque não quer a eternidade para ser sozinho. É, amar também foi a perdição dele! Se esse fosse um blog só de séries, acho que todos os leitores teriam fugido! Mas espero que vocês aguentem firme porque ainda tem mais! Rs
Depois de Drácula os romances fantasia com vampiros se multiplicaram, e a cada geração, o peso da solidão da vida eterna foi sendo levado mais ao extremo e vampiros se tornaram cada vez mais passionais! Oras, no final do séc XIX foi inventado o cinema e “acreditem se quiserem” o primeiro filme de vampiros é ainda anterior a Drácula (em 1896 , o George Méliès filmou uma história de vampiros, Manoir du Diable - A mansão do diabo). Com a visão de vampiros elegantes e passionais se difundindo e com o crescimento da indústria do cinema, não levou muito tempo para que os vampiros também virassem sedutores! Os contos de terror gótico, foram dando espaço para apaixonadas e dramáticas histórias de amor. E cada vez mais os vampiros arrancavam suspiros da plateia! Aiai Mas não foi assim que os homens modernos passaram a odiar os vampiros! Ainda não!!! Vou acelerar e vou nem parar para falar de Nosferatu!
Já lá pelo anos 60/70, em plena revolução sexual, foram feitos inúmeros filmes de vampiros, dos mais trash aos mais cult! E essa mistura de sedução, paixão e medo tinha adaptações para todas as idades e gostos. Desde séries infantis como Família Adams e Família Monstro a filmes que apresentaram vampiros femininos, muitas vezes lésbicos, como em The Vampire Lovers da série Hammer Horror, produzido em 1970, baseado em Carmilla. Até filme pornográfico com vampiros foi feito! E também comédias clássicas como A Dança dos Vampiros (The Fearless Vampire Killers, or Pardon Me, But Your Teeth Are in My Neck, uma comédia de terror dirigida por Roman Polanski, 1967). Não dá para menosprezar o gênero!
Bem, nos anos 80, quando as tvs estão em todos os lares, cinemas espalhados por quase todas as cidades, é quando nasce (nasce?) o culto ao corpo, onde a publicidade ganha poder de influência no cotidiano das famílias e novos valores estéticos se apresentando, mas o gênero de filmes de vampiros se manteve firme e forte! Vampiros bombaram em um monte de produções para adolescentes! Os Garotos Perdidos, A Hora do Espanto, Fome De Viver, Amor à Primeira Mordida, Procura-se Rapaz Virgem são alguns que dos que consigo me lembrar! Não é que os vampiros estivessem deixando de ser maus em todos os filmes, era só que cada vez mais parecia ser uma ótima ideia ter vida eterna ao lado deles. Na década de 90, não foi diferente, apesar do número de filmes (ao menos de grandes produções) ter caído, tivemos Entrevista com Vampiro, com Tom Cruise, Brad Pitt e Antonio Bandeiras, Drácula de Bram Stoker, com Gary Oldman, Winona Ryder, Keanu Reeves e Anthony Hopkins e Um Drink no Inferno, com George Clooney, Quentin Tarantino e Selma Hayek! E uma das séries de maior audiência de todos os tempos: Buffy! E seu spin off Angel (que eu gostava bem mais).
Buffy não é um divisor de águas, ela não foi a primeira, mas nela já fica claro o elemento que marcaria a década seguinte, um vampiro protagonista!!!! De lá para cá a tendência só fez crescer e explodiu na saga Crepúsculo de Stephenie Meyer! Boom!!! Aí começaram os haters! Rs Se em livros já provocou estrago, quando foi para o cinema em 2008, Twilight, dirigido por Catherine Hardwicke, virou a sensação do mundo teen , lançando seus elenco ao estrelado, faturou 35,7 milhões de dólares no dia de estréia só nos EUA. A saga já rendeu mais de 3 bilhões de dólares! Bilhões! Respeita a moça!
Como tudo que é idolatrado, logo aparecem aqueles para criticar! Mas também logo aparecem aqueles para roubar um pedacinho desse bolo! E depois do sucesso de Stephanie Meyer explodiram diversas sagas literárias, séries de tv e filmes com o tema, reanimando o mercado de vampiros! TVD não foi diferente, impossível não notar a semelhança entre Paul Wesley e Robert Pattinson! Mas na minha modesta opinião, isso não implica em inferioridade da obra, apenas mais vampiros para deleite dos fãs!
Se vocês prestarem atenção nas imagens, vão ver algumas das séries feitas nos últimos anos, mas existem muito mais, fora aquelas séries que não tem os vampiros como personagens principais, mas que tem personagens vampiros como Penny Dreadful ou Shadowhunters! Hoje temos séries de vampiros produzidas ao redor do mundo inteiro, são dezenas! E ainda tem aquelas sagas literárias, como Vampire Academy, cujos fãs ainda batalham por um versão televisiva (principalmente depois da cinematográfica ter fracassado)! Se as séries são boas, devo dizer que nem todas, mas também tem série para vários tipos de gosto, dos mais românticos, aos mais lascivos, dos mais fofos aos mais assustadores! Talvez eu ainda volte para falar sobre cada uma dessas séries um dia, contudo por agora é só isso que eu tinha a dizer.
Claro que eu não estou dizendo que você tem de gostar de vampiros, estou dizendo que não há motivo para não gostar de vampiros! Se você é fã e fica chateado quando desfazem do gênero, não ligue! Você está muito bem acompanhado!
Beijinhos e tchau! Até semana que vem!